quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Conselho









"E não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha e as águas correram." Isaías 48:21

Durante muito tempo tive um sonho repetitivo.
Meu pai, um salão, várias mesas, duas estagiárias e eu, sentadas
Ele estava ao pé de uma porta aberta,me apontando um vão muito iluminado.
Mostrava, com a rigorosa mão de sempre e o levantar de uma sobrancelha,
o espaço de confortável tranquilidade.
Meu coração se apertou em conflito.
Pater! Pater! Qual o meu erro?
Me tira as angústias! Aproveita, você está em meu sono!
Não sei o que significa.
Desconheço o que me reserva o clarão.
Mas, tenho certeza de que, enquanto ele estiver em minha memória de afeto,
seguirei a boa estrada
É pelo caminho aclarado que eu vou.
Pater! Pater!
Sempre te obedeci.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Detenção




"E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
Eclesiastes" 1:17-18



Chego ao fundo do poço de meus medos.
Ele diz – te amo, linda. 
Sem estofo para acreditar, pergunto
por que motivo
Eu enfadonha, eu ácida mereço este?

As paredes da casa sumiram.
Não são os vazios que me assustam.
É o cimento que preenche a sobra de parede dura e antiga do meu refúgio de violência.

A casa agora sem fronteiras invade meu sono triste.
O chão decepado faz coro com a mão ausente do mestre de obras.
E ele-sem-mão tem um par, ainda que seja chão.
Ele tem um chão, ainda que falho.
Ele tem. E sem complemento com dedos.

A mim me restaram
o cativeiro,
o esgotamento e
a criança grande que não para de berrar e
me assusta. Não quero acalentá-la.
Sou má ou pior por rejeitar incômodo uterino?

Estou sem forças.
Uma poeira de solidão profana a manca morada, me sufocando.
Saudades do avô materno.
Ele sempre tinha um ar reserva para soprar esperanças.
Saudade grega do pai -
Sempre vinha com berros que, diferentes dos da criança,  soavam um piano suave de Chopin.

Adentro as tripas de minha mãe, como quem pede asilo.





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