Permaneça o amor fraternal. Hebreus 13:1
Quando eu fui para o outro lado da fechadura do quarto,
meu marido me chamou para umas últimas palavras.
Eu já estou namorando, o nome dela é Fulana, desculpe.
Disse como falava a moça e não como era – apresentou detalhes.
Não reagi. Não assustei. Ouvi horas.
Com a minha ausência de histeria, espantou-se muito.
Quis que eu fosse e voltasse.
Estou muito surpreso com sua reação. Vai, mas volta na semana
que vem.
Volta pra casa.
Eu ri. Ele parecia tão igual a antes.
Pouco me importava a namorada que ele beijava no metrô.
(Escondido, coitado.)
Apenas falei: não adianta pôr sal sobre carne podre.
Quando parti, não olhou pela janela.
As poucas tralhas saindo lhe doíam.
34 anos resumidos em minutos de sofrimento.
Ele agora não evoca meu nome.
Perdeu a pronúncia.
É tão estranho. Eu imaginava sempre poder dizer pelo
telefone “João”.
Não é acaso o aparente superlativo.
João – a terceira e excedente perna de
G.H.
Apesar do tímido contragosto e
depois de tão íntimo afastamento, conheço - sem saber - o
que faz, como faz, o que acontece no seu
coração e na sua mente.
Seria história comum, se, o que nele é substância, eu não tivesse
guardado entredentes.
Hoje rezo profecias por ele.
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