segunda-feira, 13 de setembro de 2010
EDUARDO
“Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.”
(Lya Luft)
I
Fui Gaia, pouso e repasto de tua criação.
Sobrepeso delicioso
dos pezinhos na barriga,
nasceste.
Eras o meu menino
“o menino de sua mãe”
Para mim, foste amor revelado,
alma compartilhada, confluências umbilicais.
Entre silêncios e conversas
meu mundo inteiro pensado em ti.
Todas as alegrias -
cuidados, sempre urgentes...
II
Entremeio terrível - obras de Ares
ou a ira dos anjos, que importa agora-,
lançou-nos no limbo onde brincadeiras e risadas não entravam mais.
Veio a partilha, a solidão...
III
O tempo pretérito do interregno - deixou-se
vencer: foi engolido pelo túnel do cordão
ancestral jamais ceifado.
Depois, o reencontro
endividado de amores.
IV
A mão, agora, firme
a voz, agora, grave.
Heranças de avô materno...
O menino, hoje,
cuida de mim.
Ensina-me os passos
Aponta-me lugares
Espanta-me os medos
Afasta-me dos perigos.
Sou agora filha.
(alcance o mundo, meu amor
mas não te afastes em demasia...)
Sendo norte, mesmo que distante,
Sorrindo, ilumina os caminhos
Abraça-me a tua voz
Embala-me a vida teu olhar, assim como um dia te acalentei nos braços.
Não existirá outro magno amor em minha vida.
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Narração poética de um milagre. Ter filhos é mágico (cuidar para ser cuidado), é também intrigante, divino. Bela inspiração, muito bem escrita. Tenho lido teus textos, aos poucos para não acabar rápido, quando acabar poderei ter uma visão mais panorâmica do seu trabalho. Estou gostando muito. Obrigado!
ResponderExcluirObrigada a você, Jorge, por ler meus textos. Seus comentários têm sido importante incentivo a continuar a escrever.
ResponderExcluirabs