segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
No Sétimo, O Descanso
(frame do vídeo ARK, by grzegorz jonkajtys - http://vimeo.com/3116167)
“Brigam Espanha e Holanda/Pelos direitos do mar/ Brigam Espanha e Holanda, porque não sabem que o mar.../ É de quem o sabe amar” (Milton Nascimento - Leila diniz)
"Eis que és formoso, ó amado meu, e também amável; o nosso leito é verde".
Cânticos 1:16
Aquele que me balança os navios
tem morada distante
Eu nada te peço, Deus,
senão a continuidade do tempo.
E, em que pese a distância,
assinatura da derrota - consumida, mas recuperável -,
traz um sinal de beleza na minha face
e me responde:
Que faço eu para aconchegar oceanos?
Como aproximo chão e chão?
Qual fórmula equaliza
amores filhos, amores mães, amor-amor?
Ventos do sul me levam
Vozes quentes e sudestes me prendem
Que faço Deus?
7 orações?
7 partidas?
7 chegadas?
Olho para fora, não vejo paisagem.
Tenho apenas a janelar memória: peixe na panela, arroz, pratos vibrando a comida com cheiro gostoso de afeto.
Antes, a vara, a pesca da madrugada sobre o mar aquecido de alegrias refeitas de sonho bom
Que faço eu Deus?
fala comigo!
7 orações?
7 partidas?
7 chegadas?
Qual caminho me leva com segurança e sem bússola
ao porto convicto?
Me diz, pai!
fala comigo!
dos naufrágios eu sei,
Você sabe.
Mareante,
já engoli a água,
já cuspi mágoa,
caí.
Quase afoguei.
Os ventos estão gelados - sinto frio, dor
Agora faz!
Isenta a distância.
Aquele que balança os navios
Saiu do mar,
Está na areia à espera.
Ficou sem embarcação...
Me traga um veleiro então.
Eu vou.
Rosane Gomes
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Você sente tanto, que dá medo.
ResponderExcluirGostei de tudo, especialmente disso:
"Que faço eu para aconchegar oceanos?"
E o que faço eu?
Muito bom texto, Rosane.
Continue sentindo assim!
Muito obrigada pelo elogio, Jorge! Deixo, aqui, um presente a você, de um dos maiores poetas do mundo, aos pés de quem jamais chegarei em nível de escrita - e cuja escrita expressa o que sinto:
ResponderExcluir"A arte é um esquivar-se a agir, ou a viver. A arte é a expressão intelectual da emoção, distinta da vida, que é a expressão volitiva da emoção. O que não temos, ou não ousamos, ou não conseguimos, podemos possuí-lo em sonho, e é com esse sonho que fazemos arte. Outras vezes a emoção é a tal ponto forte que, embora reduzida a acção, a acção, a que se reduziu, não a satisfaz; com a emoção que sobra, que ficou inexpressa na vida, se forma a obra de arte. Assim, há dois tipos de artista: o que exprime o que não tem e o que exprime o que sobrou do que teve."
Um abraço,
Rosane Gomes