“Saber e sabor têm a mesma origem” (Junito de Souza Brandão)
Ávida de conhecimento,
não encontro, muitas vezes, respostas. Tenho perguntas.
Insistentemente mordo e sugo livros,
na esperança de entender, por meio das palavras,
o funcionamento da vida.
Uma delas é futuro; outra, passado.
Não conseguimos nos proteger do ontem e do amanhã.
Sempre serão surpresa, boa ou ruim,
a nos escolher com reféns.
Em muitas circunstâncias não controlamos o que nos foi feito.
Diz-se por aí que podemos controlar o que fazemos com o que
nos foi feito.
Penso diferente.
Às vezes o evento é tão avassalador que nos paralisa.
Não me venham com filosofias e frases de autoajuda.
Elas enjoam.
Ofereçam-me o sabor doce de Adélia Prado
ou o saber amargo e maravilhoso dos contos de Machado.
Sorvo a delícia do dois.
Guimarães Rosa me sabe muito bem.
Talvez encontre nas letras, como quem joga búzios,
respostas para o que o coração deseja conhecer.
Por exemplo, como entendo a agonia?
Como me explicam as ausências?
Por que malversam tanto a palavra amor?
Por que me pirateiam os sentimentos e,
sem devolver, os atiram ao chão imundo de uma rua qualquer?
Ê sina!
Esgotada, faminta e medrosa,
peço, nesse momento, ao espírito de meu segundo pai e mestre,
que me deixe morder um gomo de tangerina. O sumo me trará
nutrientes
sem invadir com ideias.
Mas ele, rigoroso, me diz:
Filhinha, eu te amaldiçoei. Desde sempre, sua boca está nos
olhos.
Alimente-se de linguagens e conviva com sua atávica
curiosidade
sobre o ato de existir.
Desfrutando a Tangerina da existência e lendo teus textos, Rosane. Sem caroço. Valeu!
ResponderExcluirSem caroço mesmo, Jorge! Já bastam os caroços que aturamos!
ResponderExcluirUm grande beijo,
Rosane Gomes